terça-feira, 19 de janeiro de 2010

António Aleixo





Vagabundeava de feira em feira vendendo a Sorte Grande, este poeta- cauteleiro, mestre na arte de fazer quadras, que mal sabia  ler e  escrever, mas sabia muito mais que todos os tratados de filosofia.

Num arranco de loucura,
filha desta confusão,
vai todo o mundo à procura

daquilo que tem à mão

Queremos ver sempre à distância
o que não está descoberto,
Sem ligarmos importância
ao que está à vista e perto.

Porque será que nós temos
na frente, aos montes, aos molhos,
tantas coisas que não vemos
nem mesmo perto dos olhos?

Sei que umas quadras são conselhos
que vos dou de boa fé;
outras são finos espelhos
onde o leitor vê quem é

Julgam-me mui sabedor;
e é tão grande o meu saber
que desconheço o valor
das quadras que sei fazer.

Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia

Peço às altas competências
Perdão, porque mal sei ler,
P’ra aquelas deficiências
Que os meus versos possam ter.

Nada direi, mas, enfim,
Vou ter a grande alegria
De a Arte dizer por mim
Tudo quanto eu vos diria


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