quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Como se faz um Poeta

Como se faz um poeta


“Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intacta.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com os poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas do chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.


Chega mais perto e contempla as palavras,
cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
“Trouxeste a chave?”

in Procura da Poesia, Carlos Drummond Andrade


"Não se escreve com emoções, escreve-se com a memória." - Eugénio de Andrade


Excertos de Carta a Um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke, Coisas de Ler Edições:

“Não escreva poemas de amor: evite de início aquelas formas demasiado fáceis e os lugares comuns; são os mais difíceis...”

“Descreva os seus desgostos e desejos, os pensamentos que lhe ocorrem e as suas crenças nalgum tipo de beleza - descreva tudo isto com ternura e humilde sinceridade e utilize para se expressar as coisas que o rodeiam, as imagens dos seus sonhos e os objectos da sua memória.”
“E, mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem que qualquer som do mundo chegasse aos seus sentidos – não teria ainda a sua infância, esse bem precioso, essa caixa de tesouro das memórias? Volte a sua atenção para ela.”


Ora vamos lá abrir a porta da Poesia!


Como Se Faz Um Poeta

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