segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

As categorias da narrativa

CATEGORIAS DO TEXTO NARRATIVO

O texto narrativo possui cinco elementos estruturais: acontecimento, personagem, espaço, tempo e narrador. Consideram-se, por isso, categorias da narrativa a acção, as personagens, o tempo, o espaço e o narrador.

Quanto ao relevo (importância), a acção divide-se em principal (constituída pelos acontecimentos principais) e secundária (constituída pelos acontecimentos menos relevantes que valorizam a acção central). Pode ser aberta, se não há desenlace da história e do destino final das personagens; e fechada, quando se observa a acção solucionada e a sorte final das personagens. Tem, como momentos estruturais, a introdução (situação inicial, apresentação), o desenvolvimento (peripécias e ponto culminante) e a conclusão (desenlace). As sequências narrativas relacionam-se entre si por encadeamento (ordenação temporal das acções), por encaixe (introdução de uma acção noutra) e por alternância(entrelaçamento das acções que se vão desenrolando, separada e alternadamente, podendo fundir-se em determinado ponto da intriga).

As personagens (agentes da narrativa em torno dos quais gira a acção) podem distinguir-se quanto ao relevo ou papel desempenhado como principais ou protagonistas (à volta das quais decorre a acção), secundárias (participam na acção sem um papel decisivo) e figurantes (servem apenas para funções decorativas dos ambientes);

Quanto à composição ou concepção e formulação, as personagens definem-se como modeladas ou redondas (com densidade psicológica, capazes de alterarem o comportamento ao longo da narrativa), planas (sem vida interior, sem alteração do comportamento ao longo da acção, nem evolução psicológica) e tipos (personagens planas, representantes de um grupo profissional ou social). Em relação aos processos de caracterização, esta pode ser directa por autocaracterização (através das palavras da própria personagem ou do narrador) ou heterocaracterização (através dos elementos fornecidos por outras personagens) e indirecta (deduzida a partir das atitudes, dos gestos, dos comportamentos e dos sentimentos da personagem ou a partir de símbolos que as acompanham).

O espaço físico (e geográfico) é formado pelo lugar onde decorre a acção; o espaço social e cultural caracteriza o meio em que vivem as personagens, a situação social e económica ou os valores culturais, as tradições e os costumes; o espaço psicológico exprime vivências que cada personagem tem do espaço físico ou de um espaço de emoções e sensações. Os ambientes, como cenários importantes para retratar situações, hábitos, atitudes, valores, resultam dos espaços físicos, sociais, culturais e psicológicos.

O tempo dá conta da sucessão dos anos, dos dias, das horas em que acontece a história ou dura a acção. Diz-se tempo cronológico se indica as datas e sucessão dos acontecimentos; considera-se tempo histórico o que corresponde à época ou ao momento em que decorre a acção; chama-se tempo do discurso ou da narrativa o que obedece à sequência do próprio enunciado; e é tempo psicológico o que exprime a vivência subjectiva das personagens, que permite uma percepção do decorrer do tempo.

O narrador, entidade ficcionada e que por isso não deve ser confundida com o autor, pode classificar-se, quanto à presença, como participante ou não participante. O narrador participante pode ser autodiegético, se participa na acção como protagonista, ou homodiegético se é personagem secundária ou figurante. Quanto à posição que assume relativamente ao que conta, pode ser objectivo, adoptando uma posição imparcial, ou subjectivo, se narrar os acontecimentos com parcialidade, emitindo opiniões e juízos de valor.

A focalização diz respeito ao conhecimento que o narrador tem dos factos que narra. Um narrador omnisciente detém um conhecimento total e ilimitado da narrativa, o que lhe permite ter um controlo sobre os acontecimentos, as personagens e o tempo. O narrador de focalização externa apenas conhece dos factos o que lhe é dado observar, limitando-se aos aspectos exteriores dos acontecimentos, das personagens e do espaço. Quanto ao narrador de focalização interna , também o conhecimento que detém é limitado, já que, ao adoptar o ponto de vista de uma personagem inserida na história, apenas pode narrar o que a personagem “vê” e “sabe”.



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